Tecnologias que podem espionar você até dentro de casa

No início de 2015, o site USA Today investigou várias publicações sobre o radar portátil RANGE-R que a polícia dos Estados Unidos e outras agências governamentais estariam usando em suas

No início de 2015, o site USA Today investigou várias publicações sobre o radar portátil RANGE-R que a polícia dos Estados Unidos e outras agências governamentais estariam usando em suas operações. Esse sistema de radar permite “ver através das paredes”. Para ser mais claro, ele registra os movimentos dentro de espaços fechados, como dentro de nossas casas. A sensibilidade do radar é tão alta que ele é capaz de detectar a respiração de uma pessoa, mesmo que escondida dentro de um edifício com várias paredes entre eles.

A existência de um dispositivo com essas funcionalidades surpreendeu muitos jornalistas que investigaram o RANGE-R. No entanto, esses radares tem sido produzidos massivamente para fins militares e serviços de inteligência. Em missões de resgate do FBI, operações de busca e salvamento em incêndios, operações para capturar fugitivos comandadas por autoridades dos EUA,  estão sempre presentes.

Em um primeiro momento, a tecnologia só estava disponível para alguns órgãos governamentais. Hoje, o cenário é diferente devido aos avanços tecnológicos que contribuíram para a diminuição dos preços. O RANGE-R custa por volta de US$ 6 mil, enquanto protótipos de novos sistemas de radar estão sendo desenvolvidos e disponibilizados a partir de módulos Wi-fi a custos acessíveis.

Não será surpresa se amanhã essa tecnologia estiver sendo usada por criminosos, por isso, é o momento certo para fundamentar regras de acesso a esses tipos de dispositivos.

Tem alguém vivo aí dentro? 

A tecnologia do sensor RANGE-R é conhecida em inglês por Through-the-Wall Sensor (TTWS), ou seja, sensor que atravessa as paredes. Assim como outros sensores, ele funciona mapeando ambiente com ondas de rádio e por meio da radiação refletida, é possível enxergar o campo escaneado.

Claro que essa é a explicação fácil. Na prática, os criadores do TTWS combinaram várias tecnologias e avançados métodos de processamento de dados em um único dispositivo. As pessoas designadas para operar esse tipo de tecnologia passam por um longo processo de treinamento para aprenderem como interpretar os dados do radar.

A maioria dos radares TTWS operam entre a freqüência de 1-10 Ghz. Esse espectro de radiação penetra concreto, madeira, plástico, vidro e diversos tipos de materiais utilizados na construção de paredes. Como prova disso, se você escanear sua casa ou escritório, você vai perceber um verdadeiro congestionamento de redes Wi-Fi.

Quanto maior a frequência, pior é o grau de penetração da radiação através das paredes. No entanto, as freqüências mais altas aumentam a precisão de tamanho e distância dos objetos. Além disso, alguns materiais absorvem as ondas de rádio em certos espectros. Por isso que scanners avançados podem mudar suas freqüências, mesmo em uso, variando quase todo o espectro do rádio.

Optar por ondas curtas é interessante para avaliar a distância entre os objetos, calculada pelo tempo de refração da onda. Detectar o movimento só é possível graças ao efeito Doppler. Uma onda emitida ao ser refletida por um objeto tem sua freqüência ligeiramente alterada, permitindo assim, detectar um movimento muito sutil como a reflexão da respiração no peito de uma pessoa.

É evidente que os dispositivos TTWS possuem limitações. A principal restrição é que ondas de rádio não penetram metais. Então, detectar uma pessoa escondida em um carro ou em edifício revestido de alumínio é impossível. A água possui propriedades similares ao metal: um concreto poroso molhado é uma defesa eficaz.

Geralmente, uma camada grossa de concreto ou de tijolos enfraquece os sinais. É quase impossível detectar algo se a espessura total entre as paredes que separam o radar e o objeto for maior que 30 centímetros.

A faixa de detecção da maioria dos dispositivos é de cerca de 15-20 metros, enquanto os dispositivos com alcance maior e fontes de energias mais potentes podem alcançar até 70 metros. Nem sempre o sinal define bem o objeto. Um cachorro, um homem, ou uma cortina ao vento tem seus movimentos detectados, mas a interpretação pode não ser clara, especialmente quando o processo de mediação é muito curto. A medida de tempo ideal é de aproximadamente 1 minuto.

A maioria dos radares é operada manualmente. Um operador pressiona o radar contra a parede do edifício para evitar qualquer variação. No entanto, em algumas situações, é impossível a aproximação da parede. Por isso, alguns modelos são equipados com tripés ou montados em robôs ou drones.

Os radares TTWS mais simples mostram apenas se alguém está vivo ou se movendo dentro do edifício. Os dispositivos com funcionalidades complexas detectam a distância e posicionamento dos objetos, mapeando o cenário em 2D ou 3D.

Dispositivos em teste apresentam soluções promissoras (pelo menos em condições laboratoriais). Por exemplo, um sistema de radar Wi-Fi mobile acoplado em robôs que permitem criar um mapa de uma casa, totalmente desconhecida, com uma precisão de 2 centímetros. O sistema ainda está em teste e longe de ser produzido e disponibilizado em escala comercial.

 

Como se proteger? A melhor proteção contra espionagem TTWS é um edifício blindado. Se a sua casa tem estruturas de concreto em todas as paredes, você pode ficar tranquilo. Caso contrário, uma boa solução é investir em revestimento de alumínio ou papel de parede metalizado. Ou, você pode ter três cachorros em casa, pois nem os radares mais potentes conseguem detectar mais de três objetos por vez.

Você sabe o que é um radar terahertz?

Se você acompanha as notícias sobre ciências divulgadas pela grande mídia, provavelmente, você já ouviu falar sobre os sensores terahertz que mostram objetos através das paredes e detectam bombas mesmo que distantes. Publicações semelhantes também aparecem periodicamente na internet, após um comunicado de algum laboratório que anuncia uma suposta “nova descoberta” nesse sentido.

Na realidade, os radares terahertz são utilizados apenas para inspeções de passageiros nos aeroportos. Eles ganharam toda essa visibilidade por sua capacidade de mostrar imagens detalhadas do corpo humano abaixo das roupas, basicamente, deixar as pessoas nuas.

Grande parte das outras aplicações “terahertz” (que abrange toda a freqüência entre 300GHz-10THz) são parte da ficção científica. Isso porque existem muitos problemas ainda não resolvidos, como o sinal perder a potência ao refratar em muitos objetos até na construção de barreiras compactas de emissão de radiação de alta potência.

Há mais um mito urbano: as câmeras infravermelhas que “enxergam” através das paredes. Contrariando as crenças populares, os detectores térmicos não podem fazer nada disso. Mesmo uma camada de vidro fosco ou compensado não é transparente para esse tipo de detector.

Como se proteger? Vestir ou não um boné? É sua escolha!

Que tipo de vozes você tem ouvido?

Todo mundo já assistiu filmes de espionagem, até mesmo quem viu apenas uma vez, sabe que qualquer conversa pode ser escutada de longe, mesmo através das janelas. O vidro vibra sob o impacto das ondas sonoras, e os movimentos podem ser lidos com uma espécie laser. Para evitar que as conversas fossem ouvidas, inventaram “jammers” – aparelhos de interferência – baratos e eficazes que podem ser presos ao vidro para gerar ruído aleatório, protegendo assim o conteúdo das conversas.

A tecnologia facilitou muito a vida dos espiões. Hoje em dia, eles podem recuperar uma conversa, analisando um vídeo silencioso, mesmo com apenas uma parte do cômodo visível na câmera. O princípio físico é o mesmo: qualquer objeto sujeito a vibrações atua como uma superfície de recepção. Se a análise vai ser feita em um pacote de batatas fritas, um copo de água ou folhas de árvores não importa, a conversa poderá ser ouvida.

Colocar jammers nas janelas não conseguirão prevenir que dispositivos captem o som. Mesmo que para decodificar uma conversa, o ideal é que o vídeo seja filmado com uma câmera de alta velocidade para poder gravar milhares de frames por segundo, ou seja, um valor muito maior do que da freqüência da voz. Fato totalmente possível, já que as câmeras de alta performance estão presentes no nosso dia a dia. Por exemplo, diversos smartphones podem fazer vídeos com milhares de frames por segundo, sendo uma fonte de dados valiosa. E, podem assim, ajudar a identificar indivíduos que participam de uma conversa ou até envolvidos em atos criminosos.

Espiar em janelas altas hoje em dia também não é um problema. Mais uma vez o desenvolvimento tecnológico possibilitou o acesso a drones baratos e com muitas funcionalidades.

Como se defender? Cortinas ou persianas podem coibir a gravação de “vídeo-espionagem”. É importante analisar se a cortina não vai agir como uma superfície potencializando o som, assim, o ideal é optar por cortinas ou persianas mais pesadas e investir em um jammer, preso acima delas.

Dicas