O que é um bitcoin? É uma moeda criptografada que ganhou popularidade nos últimos meses graças a atenção recebida pelo público e pela mídia. Embora seu valor tenha caído um pouco, ainda é uma opção tentadora para muitos usuários e para os cibercriminosos também. O malware e o crime em geral seguem o rastro do dinheiro e esta divisa tem sido a “galinha dos ovos de ouro” no mundo cibernético.
Por não ser controlado por uma autoridade central, os governos estão ficando nervosos e criando um debate acalorado sobre se ela deve ser regulamentada ou não. No entanto, isso não é algo totalmente viável dado o projeto inicial da moeda criada por Satoshi Nakamoto. Depois de 2010, ele desapareceu do projeto sem deixar vestígios, criando muitas histórias em torno de sua invenção misteriosa e identidade. O que sabemos com certeza é que depois de muitos anos a Bitcoin está mais forte do que nunca e ganhando novos adeptos a cada dia.
Além disso, a natureza da moeda digital tem muitas vantagens quando comparada com os seus homólogos da vida real. Por exemplo, ela é rápida, leva cerca de 10 minutos para verificar uma transação e sem a necessidade de pagar nenhuma taxa a uma entidade bancária. Se somamos a descentralização, privacidade e onipresença, podemos começar a entender a tentação de investir nosso tempo e dinheiro em Bitcoins.
“O terreno mais fértil para Bitcoin é em lugares como Chipre, Argentina, Islândia, China e outros países que sofreram rupturas financeiras significativas e/ou mantém controles financeiros rigorosos”, declarou Garrick Hileman, historiador economista da Escola de Economia de Londres.
No início, a maneira mais comum de obter uma Bitcoin era através de um processo chamado de mineração no qual o usuário poderia trocar o CPU ou GPU por frações de Bitcoin (dependendo de diversos fatores). Dado que não existiam muitos os mineiros, não era difícil investir na moeda. De fato, a mineração forma parte da rede de segurança do bitcoin já que verifica cada transação na rede e evita duplicá-los (a mesma pessoa enviando o mesmo bitcoin a diferentes usuários).
Uma vez foi demonstrado os benefícios, começaram a construir “plataformas de mineração” ou computadores completamente dedicados a tais atividades. Quanto mais rápido um mineiro encontrava a solução para o problema de criptografia de rede fornecido, mais rápido ele era recompensado. Assim começou a corrida para criar a melhor plataforma de mineração. O custo deste equipamento feito sob medida seria muito caro, mas o retorno do investimento era insuficiente para o que os usuários subissem no trem da Bitcoin. Alguns amadores e pequenas empresas começaram a construir suas próprias fazendas de mineração, deixando pequenos jogadores fora do jogo.
Uma das formas mais populares de obtenção de uma Bitcoin hoje em dia é por meio de um dos muitos sites de comércio online nos quais você pode trocar sua moeda local para o equivalente em bitcoins com rapidez e segurança. Além disso, muitos comerciantes online começaram a aceitar moedas virtuais como forma de pagamento. Um dos mais conhecidos (embora ilegais) sites que a utilizam é o Silk Road, onde você pode comprar uma grande variedade de medicamentos e serviços proibidos dentro do conforto de sua própria casa. Mesmo que a moeda não seja completamente anônima, um bom grau de privacidade a fez tornar-se a alternativa padrão para as atividades dos cibercriminosos.
Então, se tudo é virtual, onde guardar o dinheiro? Bem, como na vida real, é necessária uma carteira. Vários serviços de carteira online surgiram como uma resposta para as reivindicações de vários usuários. Infelizmente, esses serviços não oferecem nenhuma garantia de que seu dinheiro será bem guardado, como comprova o recente roubo a um famoso banco de Bitcoins que produziu perdas de cerca de 1,2 milhão de dólares. Você também pode manter o seu dinheiro offline utilizando ferramentas gratuitas e amplamente disponíveis, que requerem apenas um backup para que você não acabe jogando fora todas as suas economias. Esse foi o caso de James Howells, que descartou um velho disco rígido contendo sua “carteira” com 7.500 Bitcoins, o equivalente a mais de 13 milhões de reais hoje.
No entanto, este sistema também tem desvantagens já que qualquer transação em bitcoin é irreversível. Um pequeno grupo de defensores consideram isso uma vantagem já que garante a segurança dos usuários e evita a fraude online. Além disso, dada a alta volatilidade da moeda é preciso gastar o dinheiro rapidamente antes que ele perca o seu valor. Atualmente, a bitcoin não é considerada uma alternativa inteligente para poupar o dinheiro da aposentadoria, mas sim para gastá-lo em lugares que não aceitam outra forma de pagamento.
E o cibercrime?
Até agora, fizemos uma introdução geral sobre a moeda Bitcoin: as característica, o mercado, vantagens, falhas e muitos outros traços peculiares, mas qual a relação da nova moeda com cibercrime? A medida que cresce a popularidade, aumenta o valor e os golpes começaram a aparecer. Por exemplo os “geradores de bitcoin” ou aplicativos legítimos que incluem a instalação de software de mineração sem o consentimento explícito do usuário. Uma empresa de jogos levou uma multa de US$ 1 milhão por ter incluído furtivamente uma aplicação de mineração dentro de um dos seus produtos. Mesmo que este programa tenha sido implantado em apenas 14 mil PCs, era mais do que suficiente para perder a confiança dos seus clientes.
Além disso, algumas situações peculiares começaram a surgir com bitcoins. O departamento de polícia de Massachusetts sofreu um ataque do cibercrime quando um criptolocker cifrou os arquivos do departamento e pediu o resgate em Bitcoins. Como o preço de uma única Bitcoin aumentou, os cibercriminosos também subiram o resgate dos sequestros digitais. Quanto você pagaria para recuperar seus arquivos ?
Entre as amostras de malware que encontramos na atualidade, é bastante comum descobrir trojans difundidos através do Skype, assim como botnets de mineração ou outras ameaças sofisticadas. Assim, o cibercrime já oferece serviços e produtos ilegais mais complexos. O pagamento com esta moeda permite realizar uma infinidade de atividades ilícitas, preservando a privacidade de quem as realiza. Embora a plataforma Silk Road já não esteja disponível, graças às novas páginas que nascem cada dia esta criptomoeda seguirá em alta para os cibercriminosos e consumidores.
Se você deseja participar deste mundo, lembre-se de seguir nossas dicas para realizar as transações de forma segura. Seja esperto e aja com cautela!