Para muitas pessoas, o futuro do trabalho pode parecer um terreno perigoso, com seus trabalhos ameaçados pela combinação tecnológica de inteligência artificial e Machine Learning, automação ou robótica. Neste caso, os trabalhadores de TI estão em uma posição um pouco diferente da maioria das pessoas, pois são eles que estão introduzindo essas tecnologias no mercado de trabalho. Entretanto, eles também serão afetados. Não é só por que você faz as mudanças que está totalmente imune a elas.
Em geral, o cenário para humanos na indústria é, na verdade, bastante positivo. De acordo com o relatório The Future of Jobs (O futuro do trabalho), divulgado no Fórum Econômico Mundial (WEF) de 2018, existem grandes oportunidades para os próximos três anos.
Aproximadamente, 50% das empresas esperam que a automação gere alguma redução em suas forças de trabalho até 2022, de acordo com os perfis de trabalho de suas atuais bases de funcionários.
Fórum Econômico Mundial,
The Future of Jobs, 2018
Entretanto, o relatório vai além, informando que 38% das empresas pesquisadas esperam aumentar a força de trabalho para novas funções que melhorem a produtividade e mais de um quarto espera que a automação leve à criação de novas funções na organização.
No total, o WEF estima que, embora 75 milhões de trabalhos não relacionados à agricultura serão perdidos em todo o mundo até 2022, 133 milhões de novos trabalhos serão criados no mesmo período, e isso é um crescimento líquido de 58 milhões de trabalhos.
Os robôs serão criadores de trabalhos
O panorama para aqueles que estão em funções de TI ou tecnologia é ainda melhor. O WEF sugere que a fronteira entre as tarefas executadas por humanos e as executadas por máquinas, se bem gerenciada, pode levar ao aumento da demanda por funções como cientistas e analistas de dados, desenvolvedores de software e aplicativos e especialistas em comércio eletrônico e mídias sociais. Essas funções são baseadas e aprimoradas significativamente pelo uso da tecnologia.
De modo semelhante, a demanda por profissionais de cibersegurança provavelmente continuará a crescer. O US Bureau of Labor Statistics prevê que o emprego de analistas de segurança de informações aumentará 28% de 2016 a 2026, muito mais rapidamente que a média de todas profissões.
É claro que algumas funções de TI sofrerão uma queda. Por exemplo, é provável que a necessidade de pessoas que ainda conheçam linguagens de programação mais antigas, como COBOL e C, seja reduzida abruptamente à medida que as empresas migrem seus sistemas legados para a nuvem, com o auxílio cada vez maior da automação e do Machine Learning. Também é provável que a nuvem gere uma diminuição na necessidade de administradores de sistemas tradicionais.
E haverá mais trabalhos para profissionais de TI
Se trabalha na área de TI e está lendo este artigo, você, provavelmente, está bastante otimista com o futuro. Bem, espere um pouco: a boa notícia ainda não acabou. De acordo com o relatório The Future of Work In Technology (O futuro do trabalho no setor de tecnologia) da Deloitte, as equipes de tecnologia das empresas passarão de essencialmente provedores de serviços internos para “cocriadores de negócios”, cuja importância estará no valor entregue à empresa, em vez dos serviços fornecidos. Os especialistas citados no relatório afirmam:
A função da tecnologia evoluiu da automação dos negócios para realmente ser o negócio.
Satish Alapati,
CIO de experiência do cliente em mídias e entretenimento da AT&T
De certa forma, isso não é novidade. Nos séculos XIX e início do XX, vimos as máquinas assumirem o trabalho da força humana. No fim do século XX, vimos os computadores assumirem a rotina das tarefas secundárias, como trabalhos básicos de escritório e arquivamento. Essa é apenas a próxima iteração desse processo.
Além disso, dois séculos de avanços tecnológicos praticamente contínuos não resultaram em desemprego em massa em nenhum setor. Em vez disso, resultaram em trabalhos novos substituindo antigos, e esses novos trabalhos tendem a estar mais altos na cadeia de valores – mais interessantes e mais criativos. É claro que as pessoas que trabalham com TI terão de aprender novas habilidades, e os gerentes de TI seniores precisarão mudar também, já que seus departamentos se tornarão uma parte central da empresa, em vez de uma função apenas de suporte.
Uma questão que a TI realmente precisa melhorar é a diversidade. De acordo com o relatório Beyond 11% da Kaspersky, de 2019, um estudo realizado na Europa sobre a diversidade nesse setor, apenas 11% dos talentos cibernéticos europeus em funções de tecnologia são mulheres. Isso realmente está atrasando o setor. O relatório Diversity Matters da McKinsey, de 2015, sugere que as empresas com maior diversidade de gênero têm uma probabilidade 15% maior de apresentar retornos financeiros acima das médias nacionais para o setor. Alena Reva, da Kaspersky, acredita que uma mudança é necessária para que se possa colher os frutos:
O futuro parece incrível para as funções de TI, particularmente no setor de cibersegurança, criando funções nas áreas de pesquisa e tecnologia e, também, para as funções de suporte, inclusive na área de vendas. Mas o setor precisa de melhorias em áreas como a diversidade de gênero se realmente deseja capitalizar essas oportunidades e criar produtos e serviços que funcionem para todas as pessoas.
Alena Reva,
Chefe de recursos humanos (América do Norte) da Kaspersky