Como setor, ainda temos um longo caminho até alcançar o equilíbrio: pesquisas indicam que, globalmente, apenas 11% das pessoas que trabalham em funções técnicas na área de cibersegurança são mulheres. Eu conversei com cinco funcionárias da Kaspersky para perguntar o que as inspirou durante sua jornada profissional e o que podemos fazer para incentivar mais garotas e mulheres a ingressar em nosso setor.
Noushin Shabab – a pesquisadora que está resolvendo o quebra-cabeças de como impedir o próximo grande ataque cibernético
Noushin é pesquisadora sênior em segurança da GReAT Team da Kaspersky na Austrália.
“Na escola, já tinha interesse em computação e ciência da computação. Eu adorava quebra-cabeças e desafios matemáticos, e também de explorar novas tecnologias. A pesquisa em cibersegurança é muito instigante, é mais um estilo de vida do que um trabalho típico em horário comercial. Eu tenho uma tarefa nova e um desafio novo a cada dia. E, em alguns dias, encontro algo que ninguém do setor jamais viu.
Eu gostaria que as pessoas entendessem os riscos conforme o mundo se torna cada vez mais digital, com casas, carros e dispositivos inteligentes; o tempo todo, estamos mais conectados. Mas poucas pessoas estão cientes dos riscos e perigos. Os cibercriminosos querem acessar qualquer porta aberta de sua vida.
Eu prefiro trabalhar em um ambiente diversificado. Eu nunca senti que era diferente das outras pessoas, depois que entrei na GReAT Team da Kaspersky. A nossa cultura faz com que todos sintam-se incluídos.
Minha irmã gêmea, Negar, é minha inspiração. Nós fizemos universidade juntas e iniciamos nossas carreiras trabalhando na mesma empresa, no Irã, como analistas de malware. Nos incentivamos mutuamente a trabalhar melhor e assumir mais responsabilidades. Nos ajudamos mutuamente a descobrir nossos próprios interesses e fazer o que era certo para nós. Minha irmã era uma programadora melhor do que eu, então a estimulei a encarregar-se mais de programação e análise de malware, enquanto meu interesse maior era na investigação de malware no nível das máquinas.”
O conselho de Noushin…
“O setor é representado predominantemente por homens; isso não ajuda a convencer as mulheres a serem mais ativas e presentes nas conferências e eventos. Nós deveríamos incentivar as mulheres a ‘aparecer’ com mais frequência e a obter mais visibilidade, além de criar mais eventos estruturados para estimular a participação das mulheres.”
Elizabeth Barrett – a engenheira apaixonada por tecnologia que está resolvendo os desafios de segurança de nossos clientes
Elizabeth é engenheira de suporte técnico da Kaspersky no Reino Unido.
“A cibersegurança é a parte mais empolgante dos setores de tecnologia. Você está sempre um passo à frente e eu consigo usar a tecnologia mais recente, então é ótimo se, assim como eu, você é fã de todos os gadgets mais modernos! Meu trabalho é sempre evoluir e mudar, conforme surgem novos produtos e novas ameaças cibernéticas.
Durante a infância, morei perto do Museu Nacional da Computação, na Inglaterra. Lá, descobri sobre Margaret Hamilton, uma cientista da NASA que desenvolveu o software de bordo das missões espaciais Apollo e cunhou o termo ‘engenharia de software’. Bem jovem, isso me fez perceber que as mulheres poderiam realizar coisas que normalmente são consideradas ‘trabalho de homem’. Eu poderia até ir até a lua!
A ideia dos profissionais de suporte de TI sendo “nerds trabalhando em porões escuros” que você vê nos programas de TV não ajudam as mulheres do setor. Quando trabalhei em um cargo na TI do Parlamento do Reino Unido, era a única mulher em uma equipe de 20 profissionais. As pessoas me perguntavam: “Por que você está neste trabalho?” Eu respondia: “Por que não estaria?” Você deve ir atrás de sua escolha profissional com confiança.
A diversidade é realmente importante no meu trabalho. Se todos os participantes de um projeto tiverem um histórico semelhante e pensarem do mesmo jeito, nunca serão realmente eficazes ao resolver desafios técnicos.”
O conselho de Elizabeth…
“Não duvide de si mesma. É um aspecto típico e negativo das mulheres acreditar que um homem poderia fazer seu trabalho melhor. Tenha ambição: se você não se esforçar para ser a melhor que puder, nunca alcançará seu verdadeiro potencial. Nem sempre as mulheres confiantes são respeitadas no trabalho. Felizmente, eu trabalho em uma empresa que conta com muitas inspirações femininas de sucesso trabalhando em cargos técnicos e de vendas técnicas, além de uma forte rede local de mulheres. Isso me ajuda muito a ver como posso avançar em minha carreira.”
Ekaterina Rudina – a analista que está mantendo a infraestrutura do mundo segura
Ekaterina é analista sênior de sistemas da Kaspersky na Rússia.
“Eu trabalhava como analista de segurança de aplicativos, procurando vulnerabilidades de software para uma operadora de celular. Não gostava de encontrar os mesmos “furos” dia após dia, então resolvi mudar para a cibersegurança, para trabalhar em soluções de ‘segurança por design’.
A segurança é para pessoas, para beneficiar a organização e seus sistemas, e manter tudo funcionando. A infraestrutura crítica, coisas como eletricidade, água e gás, sem as quais não podemos viver, está vulnerável a ataques cibernéticos. Meu trabalho é tornar a infraestrutura mais confiável e resistente a ataques, mantendo as instalações seguras e os serviços disponíveis.
Minha inspiração são as pessoas e organizações que criaram o conhecimento básico da segurança de computadores. Hoje, tenho oportunidade de conhecer os ícones sobre os quais falei em minhas aulas quando trabalhava em uma universidade. Eu admiro muito a Dorothy Denning que, nos anos 1980, criou o modelo básico de detecção de invasões.”
O conselho de Ekaterina…
“O desequilíbrio de gênero na força de trabalho não é exclusividade da cibersegurança; todos os setores tecnológicos têm esse problema. Muitas mulheres com formação em computação não a utilizam. Nós precisamos começar a mudar isso na infância.
Eu ensino na escola dos meus filhos e falo sobre como a cibersegurança é estimulante; uma vez, dei uma aula sobre programação para crianças de oito e nove anos de idade. Os resultados foram diversos por conta das diferentes maneiras como meninos e meninas lidam com a mesma tarefa: os meninos ficaram motivados e tentaram resolver as tarefas imediatamente. Tiveram um ótimo resultado e receberam o certificado. As meninas também estavam motivadas, mas de maneira diferente: elas se aprofundaram no tema e fizeram mais perguntas, pensando de modo mais holístico. Elas também tiveram um ótimo resultado, mas a abordagem analítica das meninas é melhor para alcançar o sucesso.”
Catherine Oudot – a mulher que venceu sozinha e aprendeu sobre tecnologia para poder vendê-la
Catherine é chefe do canal de pequenas e médias empresas da Kaspersky na França.
“Sou uma mulher que me fiz sozinha, sem MBA ou mestrado, o que é raro na França. Eu trabalhei em cargos de vendas em tecnologia por mais de 20 anos, mas não tenho formação técnica. Meu conhecimento da área foi obtido ‘na prática’, pelo intercâmbio com clientes e colegas.
Em meu primeiro emprego, entrei em uma nova equipe de Identidade de TI, como assistente de marketing. Não sabia o que era um firewall ou uma VPN, mas estava lá desde o início para crescer e aprender. Minha primeira tarefa foi criar um novo programa para parceiros com foco na geração de oportunidades.
Quando falei para minha gerente que estava preocupada porque não conseguiria comunicar mensagens técnicas, ela respondeu: “Não crie entraves para a sua carreira! Você tem ótimas habilidades de comunicação, continue assim”. Ela me disse para avançar e me tornar gerente de vendas. Isso foi libertador! Ela viu meu potencial e me deu uma chance. Ela me orientou e me ajudou a crescer.
Meu marido é meu porto seguro. Somos casados há 23 anos, e ele sempre me apoiou nos diferentes cargos que ocupei. Ele entende quando quero mudar minha carreira, pois sou curiosa e desejo descobrir coisas novas. Nem sempre é fácil trabalhar com vendas, pois você viaja muito. Quando meu filho era bebê, muitas vezes meu marido tomava conta dele. Nós dividimos as responsabilidades familiares totalmente.”
O conselho de Catherine…
“Sempre tenha confiança em você e acredite no que você faz. Não coloque limites para si mesma, desafie-se naquilo que é capaz de fazer. Converse com pessoas diferentes e aproveite todas as chances que tiver de conhecer pessoas boas, elas podem ajudar a descobrir a próxima oportunidade para sua carreira.”
Irina Bock – a apaixonada por jogos, viciada em dados, que viaja pelo mundo trabalhando com vendas digitais
Irina é diretora de vendas digitais da Kaspersky
“Sou muito fã de jogos MMORPG on-line, como World of Warcraft. Você aprende muitas habilidade jogando, como interagir com várias pessoas e jogar em grupo na mesma missão. É preciso ser lógico, mas também entender como as pessoas podem optar por comportar-se.
As vendas digitais são como um jogo; há elementos de acaso, mas sobretudo muita estratégia. Eu adoro ver como minha equipe é capaz de influenciar os negócios da empresa. Quando vejo os números das vendas crescendo, me sinto ótima! Sou viciada em metas! Para ser bem-sucedido em vendas digitais, você precisa amar dados. Para mim, é como uma droga: quando mais você se aprofunda nos números, mais quer continuar.”
O conselho de Irina…
“O equilíbrio entre gêneros não deve ser forçado; é uma mudança natural, e a proporção está melhorando. As mulheres têm muito a conquistar! Precisamos de mais mulheres na cibersegurança para enriquecer o setor com nossas características, como ser esforçadas e comprometidas com a entrega de ótimos resultados. Como mulher, você alcançará um nível em sua carreira que vai fazer entender quem você é, e fazer o que é certo é mais importante do que apenas dizer ‘sim’ para agradar a todos.
Homens e mulheres devem ser iguais; ponto final. O melhor resultado será quando nenhuma mulher achar que ganha menos ou tem menos oportunidades do que um homem. Isso será uma vitória. Mas seu primeiro foco sempre deve ser você. Pergunte-se: “Como posso ser uma versão melhor de mim mesma e melhorar?'”
Como a Kaspersky promove oportunidades para as mulheres na cibersegurança?
Kaspersky CyberStarts é um programa na Europa que tem como objetivo resolver a lacuna de habilidades e a disparidade de gêneros que existem no setor de cibersegurança. O programa dirige-se diretamente a jovens mulheres que estão pensando em seus caminhos profissionais, possibilitando seu acesso às ferramentas e à experiência necessárias para que deem seu primeiro passo nesse setor. Baixe o relatório de 2019: ‘Where are all the women in IT?’, baseado em uma pesquisa com 5.000 profissionais da área de TI na Europa.