Roubo de contas foi o principal crime financeiro de 2020

Crimes de account takeover (roubo de contas digitais) aumentaram 20 pontos percentuais no último ano; saiba como os golpes funcionam

O maior uso do mobile banking e do comércio eletrônico na pandemia fez crescer o roubo de contas financeiras na internet em todo o mundo. Novo relatório da Kaspersky, que utiliza a tecnologia de prevenção à fraude, revela que os crimes dessa categoria aumentaram 20 pontos percentuais em 2020. No ano anterior, o account takeover (roubo de contas digitais) havia representado pouco mais de um terço (34%) das transações fraudulentas em nível global e esta parcela subiu para mais da metade (54%) em 2020. Dois esquemas para obter acesso a contas bancárias se destacam entre os mais comuns: o “salvador” e o “investidor”.

De acordo com nossos especialistas, o crescimento é resultado de um aprimoramento das técnicas de engenharia social usadas por cibercriminosos desde o início da pandemia. Neste contexto, dois métodos mais comuns vêm sendo praticados por atacantes para roubar o acesso às contas.

Salvadores e investidores

Na primeira, os golpistas se disfarçam de “salvadores”, fingindo ser especialistas em segurança e representando cenários em que prometem ajudar os usuários. Eles ligam para clientes de bancos como se fossem agentes de segurança e comunicam cobranças ou pagamentos suspeitos para oferecer esse apoio. O salvador pode pedir que o cliente confirme sua identidade por meio de um código enviado em uma mensagem de texto ou notificação push para bloquear uma transferência suspeita ou para transferir o dinheiro para uma “conta segura”. Também pode solicitar que a vítima instale um aplicativo de gerenciamento remoto, como se isso fosse necessário para solucionar o problema. Muitas vezes, os golpistas se apresentam como funcionários do maior banco do país em que a vítima vive e usam uma identificação de chamada recebida falsa, como se fosse realmente do banco.

Na segunda tática, os cibercriminosos agem como “investidores”‘. Nesse caso, fingem ser funcionários de uma empresa de investimentos ou consultores do banco. Eles ligam para os clientes oferecendo uma forma rápida de fazer dinheiro com o investimento em criptomoeda ou ações, que seria realizado diretamente pela conta do cliente, sem precisar ir até a agência bancária. Como pré-requisito para fornecer o “serviço de investimento”, o falso “consultor” pergunta à possível vítima qual é o código recebido em uma mensagem de texto ou notificação push.

Outra técnica bastante usada para golpes financeiros online foi a exploração de ferramentas de administração remota (RAT, em inglês) legítimas, como o TeamViewer. Esses apps permitem acessar contas de correntistas pelo equipamento do próprio proprietário: o que aconteceu em 12% dos incidentes fraudulentos detectados no ano. Já a lavagem de dinheiro representou 16% dos casos.

“Os dados globais refletem bem a situação que constatamos diariamente no Brasil. Estamos sempre no topo da lista dos países mais atacados por phishing e este é o principal método de roubo de credenciais bancários no País – ou seja, é o que sustenta os golpes de account takeover por aqui”, comenta Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil. “É importante lembrar também que os trojans financeiros mais avançados desenvolvidos no Brasil usam e abusam das ferramentas de acesso remoto (RAT), pois é a única forma de burlar os mecanismos de proteção do sistema bancário brasileiro. Alguns exemplos são as famílias do Pentaedro que atacam brasileiros, mas também estão sendo exportadas para países da América Latina e Europa, e os trojans para celular BRata e Ghimob.

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