Blackhat, filme dirigido por Michael Mann (Heat, O Último dos Moicanos) é uma novela policialesca sobre dois ataques cibernéticos e uma dupla de amigos (um coronel do Exército Popular de Libertação e um criminoso condenado) que tem a importante missão de acompanhar os vilões que cometem o ataques antes que eles ataquem novamente.
O filme começa dentro de uma sala de controle nuclear, vendo sobre o ombro de um funcionário responsável pelo controle da temperatura da planta. A câmera sinaliza a tela do computador e segue pelo cabo Ethernet até o servidor, no qual a câmera olha para baixo em um circuito de bordo, eventualmente, ampliando para o ponto onde pacotes individuais de zoom dados correm de lá para cá.
You are no longer in control. #blackhat is now in theaters: http://t.co/x6nvGzT9TOhttps://t.co/jThCmvuyOM
— Blackhat (@blackhatmovie) January 16, 2015
Depois, aparecemos em uma sala meio iluminada, com painéis de madeira e com uma tela oriental, como se tratasse de um restaurante de comida chinesa (sujo, mas em última análise, autêntico e delicioso). Uma mão paira acima de um teclado de forma ameaçadora. Ela cai sobre a tecla enter. Seguimos um dilúvio de pacotes de dados à medida que ganham velocidade em direção a planta em questão. A cena corta para fora das redes e passa para o fundo da água, onde a bomba d’água que resfria o núcleo do reator nuclear acelera até quebrar. Em seguida, é claro, a central eléctrica explode.
Em um segundo, ocorre uma sequência de hacking menos dramática com o mesmo efeito de câmeras: vemos como o preço da soja dispara na Bolsa de Nova York. Um alerta: os bandidos vendem muita soja com o objetivo de financiar seu próximo ataque. No final, o resultado foi que o ataque realizado na central elétrica é só um ensaio para o ataque final: uma prova do malware foi levada pelo vilão do filme para ver se realmente o malware destruíria os controladores lógicos programáveis utilizados na mesma marca de bomba, mas instalados em outro lugar. Tive que me perguntar: se é possível roubar 75 milhões de dólares da Bolsa de Nova York, porque não comprar a bomba de água e testar o malware malicioso em silêncio em um laboratório? Depois de tudo, a motivação dos bandidos foi, como sempre, o dinheiro.
O repórter de segurança @TheBrianDonohue comenta sobre o filme #BlackHat
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Chen Daiwai (Leehom Wang) é um capitão e especialista em ciber-defesa no PLA. Em uma cena, ele está articulando com seus superiores para aproveitar a experiência do FBI para rastrear aqueles que perpetraram os ataques. Na cena seguinte, aparece ele destacando o código verde na tela do computador preta e fazendo uma consulta a sua irmã mais nova (Wei Tang), uma arquiteta de rede atraente cujo papel no filme é única e exclusivamente como interesse amoroso.
Assim como Dawai “articula” no diálogo mal-concebido com o agente do FBI Carol Barrett (Viola Davis), torna-se claro que este personagem reconhece a ferramenta de acesso remoto (RAT) usada para estabelecer uma backdoor na planta da usina (agora destruída). É por meio desse RAT que um pedaço de malware viaja com o objetivo de falsificar quadros de saúde do núcleo do reator e girar a bomba que levará à sua morte precoce.
Mas quem criou a ferramenta de acesso remoto?, você deve está se perguntando. É claro, foi nosso talentoso héroi, Nick Hathaway (Chris Hemsworth), com a ajuda de seus companheiro de quarto e ex M.I.T (Instituto Tecnológico de Massachusetts).
Se trata de uma trama reciclada e re-utilizada um e mil vezes pelo cinema hollywoodiano: um jovem bem sucedido necessita a ajuda de um velho amigo com um grande talento, ainda que isso tenha passado de moda. Para mim, a história aqui é mais ou menos rebuscada, devido a sua relativa credibilidade desde o ponto de vista tecnológico apesar de que a maioria da trama seja um plágio da saga Stuxnet com algumas modificações dramáticas que dão sentido e movimento à história.
A coragem de Hathaway é comprovada em uma cena onde os guardas são violentos com ele, após encontrar um telefone celular em sua cela que ele tinha usado para invadir o sistema de segurança da prisão e reconstituir os fundos de todos os seus amigos da prisão. É claro que o Departamento de Justiça (DDJ) oferece a Hathaway uma licença temporária para ajudá-los a localizar os bandidos.
What "Blackhat" gets right: A chat with former hacker and film advisor Kevin Poulsen http://t.co/3LtaLVqMA8 pic.twitter.com/acn8r6YrrG
— Gizmodo (@Gizmodo) January 16, 2015
Logo depois de estudar no M.I.T, Hathaway tinha sido forçado a uma vida de crime cibernético e agora cumpre 14 anos de serviço por roubar milhões de dólares (somente a partir dos bancos, o nosso pequeno Robin Hood fez sua aparição). Será que o nosso héroi aceita a licença temporária? Claro que não!
O Blackhat provavelmente não ganhará nenhum prêmio por atuação, a não ser, talvez exista um Oscar para os assessores técnicos. Como você já leu, durante o fim se fala sobre os PLCs, carding, criptografia GPG de 512 bits malware e RAT. O argumento do filme recorre a complexa temática das mulas de dinheiro nos roubos cibernéticos, sobre Bourne Shell, roots e kernel.
Kaspersky Lab expert answers your questions about Watch Dogs’ #game #hacks http://t.co/MGSpYl8Jbx
— Kaspersky (@kaspersky) July 22, 2014
No entanto, como em quase todos os filmes sobre hackers, a história perde toda a credibilidade desde o minuto em que o científico da computação começa a disparar uma arma como se fosse um pistoleiro especialista.
Além disso, o filme peca também ao apelaf para o “deus ex machina” quando os protagonistas perdem o rastro da investigação e Hathaway consegue hackear o Serviço Secreto Estadunidense (através de um ataque phishing que não enganaria nem a minha sogra) e acessa o super computador da NSA. Depois disso, Hathaway e a DDJ utilizam esta informação coletada pelo protagonista para reconstruir a linhas reveladoras do código.
We talked to the former FBI agent who helped turn Thor into a hacker for the movie #Blackhat. http://t.co/FiuhUtnNqv pic.twitter.com/Uc0EVG3GRw
— PCMag (@PCMag) January 16, 2015
Se trata de um grande filme? Definitivamente, não. É um bom filme ao menos? Provavelmente não. Mas foi um filme divertido, onde a história mais ou menos funcionou. Eles fizeram um excelente trabalho levando tópicos de segurança incrivelmente complicados e apresento-os de forma concisa e de uma forma que qualquer um pode entender.
O filme BlackHat tem duas horas e 13 minutos, cerca de 43 minutos a mais do que qualquer cyber-suspense, segundo os especialista. É o tipo de filme que eu não pagaria para assistir de novo. No entanto, gostaria de vê-lo novamente se algum dia o passam na TNT em uma tarde preguiçosa de sábado (como a vez que eu assisti Eagle Eye). Por essa razão, eu estou a Blackhat 3 de 7 “hatchets”.
Tradução: Juliana Costa Santos Dias