Esse texto é continuação, veja a parte anterior aqui
A vida no trabalho
Os principais integrantes da equipe de desenvolvimento da versão KAV 6.0 relembram com (pouca) nostalgia essa época de suas vidas. Dormiam pouco, não passavam muito tempo com suas famílias, não tinham fins de semana livres, viviam sob grande stress emocional, mas todos os esforços faziam avançar a qualidade do trabalho.
Um dos e-mails que Nikolay Grebennikov escreveu durante o período em que o projeto estava em andamento nos dá uma visão bastante poética deste momento:
“Chegamos a um ponto que já não era só o projeto. Era como formar parte de um jogo fantástico e tinha de vivê -lo do início ao fim. Quando estava no metrô, pensava nas vitórias e falhas do jogo anterior, logo que chegava ao trabalho já pensava em como chegar até o próximo nível. Colocava os filhos na cama e de novo ia viver dentro do projeto: estávamos em um jogo onde era possível realizar coisas inimagináveis e tudo é possível”.
“Foi o melhor momento da minha vida”, lembra Eugene Kaspersky. “Nossos olhos brilhavam de entusiasmo, havia post-it por todas as partes, todo os integrantes da equipe quase são dormiam. Era uma tempestade de ideias e ações”.
Com uma equipe maior, o espírito e o entusiasmo dos veteranos passaram aos novos integrantes, como recorda De-Monderik:
“Já que toda a equipe trabalhava bem, era o grupo “núcleo”, que tinha que se encarregar de manter vivo o entusiasmo. A ideia principal do núcleo, e um desafio ao mesmo tempo, era realizar o melhor produto antivírus. Era nosso objetivo primário: Kolya [Grebennikov], Pavel Mezhuev, Doukhvalov, Mike Pavlyuschik, eu… fomos capazes de transmitir o nosso entusiasmo para os outros membros da equipe. Quando todos ao seu redor estão trabalhando duro, e você está na mesma sala com eles e vê o que está acontecendo, você também se compromete a fazer o melhor que pode”.
Ainda que a gestão do projeto fosse bastante informal, tivemos os resultados esperados.
“Se me lembro bem,no início tínhamos reuniões de status”, disse De- Monderik. “Na parte da manhã, quando chegava todo o grupo, Kolya fazia um resumo dos recursos que tínhamos, o trabalho realizado, etc – ele fazia isso muito bem. Tínhamos uma enorme lousa onde escrevíamos e desenhávamos nossas descobertas. Como éramos uma equipe reduzida, foi o suficiente”
Grebennikov reconhece que estas reuniões para organizar o trabalho tinham sentido não só porque representavam uma maneira formal de dar prosseguimento ao projeto. Também eram importantes porque cada vez saía algo novo delas e isso era ótimo.
Expandindo o alcance
Com a evolução do projeto, de setembro de 2003 a março de 2006, a equipe cresceu cada vez mais e no dia do lançamento o grupo já tinha quase 30 pessoas. Com mais requisitos e a transição para a fase “Alpha”, a equipe incluiu também Maxim Yudanov, designer, Pavel Nechayev, Denis Guschin , Eugene Roschin e Andrey Gerasimov, engenheiros de software. Eles trouxeram um conjunto de características inovadoras, incluindo a interface do usuário mais rápida e um firewall interno. Entraram no grupo também especialistas de instalação e supervisores de testes beta. No entanto, um dos passos mais definitivos tomados para modificar e aperfeiçoar o KAV 6.0 foi um fórum de beta testing.
Fórum
Todas as partes interessadas admitiram coletivamente que o Kaspersky AntiVírus 6.0 saiu como um produto bem desenhado e testado com atenção graças ao fórum na fase de beta. O teste aberto (que se tornou uma prática comum na Kaspersky Lab) foi, então, uma verdadeira inovação e um risco: os concorrentes poderiam ter tido a oportunidade de aprender sobre as características do produto antes do seu lançamento.
“Nós levamos o assunto a sério já que um teste beta expõe efetivamente o código beta para hackers e concorrentes”, disse Grebennikov. “Cada um tinha sua opinião a respeito. Os que eram contra falavam exatamente sobre o risco dessa exposição. Mas, os que estavam a favor abordavam os pontos positivos. Nossos recursos eram limitados, com apenas duas pessoas para testar o produto, enquanto todos os demais estavam ocupados em analisar a versão 5.0. Tínhamos criado o produto desde zero, necessitávamos um grupo grande para continuar com os testes. Pela primeira vez, adotamos o método normal e regular de atualização, primeiro uma vez por semana, em seguida, numa base diária. Utilizar o fórum para testar o produto nos permitiu fornecer a mais alta qualidade de trabalho, sem envolver recursos internos”.
Todos os desenvolvedores estavam ativamente engajados nas discussões do fórum com os que testavam o produto.
“Durante o fórum, contávamos com a ajuda de milhares de usuários e mais ou menos 500 pessoas formavam a parte do público principal ativo”, acrescentou Nikolay Grebennikov. Toda noite Nikolay costumava passar horas no fórum, às vezes dormia em frente a tela do computador. Eles estavam ansiosos para provar o novo produto a todo custo e normalmente o faziam durante a noite e sem nenhum custo para a empresa.
Os participantes do fórum informavam a presença de bugs e davam sugestões sobre como tornar o produto melhor. Uma parte significativa desse feedback coletivo foi levada em consideração, que foram muito úteis para aperfeiçoar o KAV 6.0. Além disso, as sugestões não foram coletados exclusivamente on-line. Eugene Kaspersky recorda que os desenvolvedores envolveram praticamente todos que trabalhavam na empresa, desde os gerentes de vendas até o pessoal do apoio técnico. Com base no feedback da equipe, o produto sofreria algumas melhorias: por exemplo, graças às sugestões recebidas da equipe de suporte técnico, é possível mudar o idioma do produto para o inglês com um único clique.
As melhorias trazidas com as discussões do fórum vieram com um preço, já que necessitávamos de mais tempo: não respeitávamos os prazos estabelecidos.
“Com base no feedback dos usuários do fórum, recebemos uma enorme lista de sugestões de melhoria, mas em um momento eu percebi que não poderíamos acrescentar mais nada, mesmo quando a proposta fosse atraente. Estávamos sob rigorosos requisitos de planejamento para lançar o produto nos primeiros meses de 2006. Utilizamos todo o tempo que tínhamos à nossa disposição e lançamos às 18h30 da tarde de 31 de março” conta com entusiasmo Nikolay Grebennikov.
Lançamento
Sucesso
Como resultado final, nossa equipe, um pouco maior do que ao início, mas ainda bastante reduzida, desenvolveu um produto com um instalador extraordinariamente compacto, uma interface do usuário ágil baseada em skins intercambiáveis; um produto de baixo impacto no desempenho do PC, e, mais importante, um produto literalmente repleto de poderosos e inovadores recursos, incluindo recursos de proteção pró-ativa para bloquear aplicativos suspeitos com base em seus padrões de comportamento .
“A Symantec foi surpreendida quando as revistas americanas começaram a classificar-nos como um produto de ouro. Recebemos a nota máxima em todos os lugares”, afirma com orgulho Eugene Kaspersky.
Graças à nossa rede de parceiros estabelecidos na Europa , EUA e China, o produto chegou imediatamente às lojas e ganhou o seu lugar entre as soluções antivírus mais vendidas.
O sucesso de “Seis” se deve à arquitetura sabiamente escolhida, o que permitiu facilmente implantar inovações técnicas e ofereceu alto desempenho, bem como a abordagem de desenvolvimento que foi 100% focada em termos uma equipe mais concisa e entusiasmada. Podemos dizer que estes foram os principais ingredientes da receita de sucesso que nos permitiram levar o Kaspersky AntiVírus 6.0 para o mercado, um produto que garante aos seus usuários 100% de proteção.
Seis papéis e uma máquina de café
” Na cartilha do modelo SCRUM que estabelecemos, tem uma regra que aplico também em outros âmbitos”, afirma Eugene Kaspersky. “Se durante o processo de desenvolvimento enfrentamos um elemento que possa retardar o processo, o primeiro que tem que ser feito é eliminar este elemento. E ponto. Não importa o que é. Isso também significa que se um desenvolvedor precisar de alguma coisa, eles devem fazê-lo de imediato”.
“No primeiro dia do projeto, perguntei: ‘O que você precisa antes de tudo?’ Petrovich respondeu: ‘uma máquina de café’. Na manhã seguinte, eles receberam a melhor máquina de café . E nós conseguimos!”
Leia também:
O antivírus que mudou a Kaspersky – Parte I
Tradução: Juliana Costa Santos Dias