por Rafael Ryuiti Akao, gerente de comunicação da Kaspersky para Brasil e Sola
(sem spoliers)
No fim de 2021, retomei uma atividade que eu adoro – ir ao cinema – e agora tenho uma companhia especial: meus filhos de 6 anos e 3 anos. No dia em que fomos assistir Ron Bugado, estava apenas com o mais velho e tive múltiplos sentimentos durante todo o filme. Além de ser divertido, ele também é profundo e me preocupei com a reação do meu filho enquanto víamos o protagonista Barney sofrendo com bullying na escola e uma solidão tanto online quanto offline. Apesar da preocupação inicial de como meu filho iria reagir aos temas, a mensagem principal do filme é belíssima e me permitiu fazer algumas perguntas importantes para ele sobre segurança e bullying.
Na minha humilde opinião, todas as famílias deviam assistir ao filme (que está disponível na plataformas de streaming da sua produtora) e depois debater o assunto juntos.
Conversar sobre tecnologia e segurança com crianças pode parecer uma tarefa simples, e, de fato, 67% dos pais têm essa dificuldade em explicar sobre os riscos online de uma maneira que uma criança possa entender. Portanto, este filme é praticamente um presente que pode ajudar a solucionar parte do problema. Conhecendo esse contexto, me inspirei em alguns canais de YouTube sobre animação e cultura geek e decidi fazer este conteúdo com as lições que pude encontrar refletindo sobre a história e algumas cenas que me marcaram:
- Educação é feita por meio de exemplos! Logo no início do filme temos uma cena muito engraçada em que o pai do protagonista entrega o presente de aniversário para o filho (uma coleção de pedras) e duas coisas acontecem: a decepção da criança que esperava um robô pessoal, o B-bot. Mas em seguida, vemos que o pai recebe uma notificação no celular e sua atenção é transferida rapidamente para o trabalho. Está claro que o pai se esforça para trabalhar e vemos muitas situações de dificuldade dele com o trabalho remoto, porém ele dá o exemplo de vida conectada que o filho tanto deseja. A relação entre hábitos dos pais e filhos é amplamente debatida quando se trata de falar palavrões e outros comportamentos “offline”, o que ainda não paramos para pensar é que nossa rotina online também irá impactar o comportamento da criança e este é um tema que um estudo da Kaspersky está aprofundando e que eu recomendo a leitura: Entenda a relação entre os hábitos digitais de pais e filhos
- A solidão online. Uma curiosidade: o filme foi idealizado antes da pandemia, porém seu enredo se beneficiou muito com a situação (período em que foi lançado). Não é preciso dizer o quanto a distância física da família e amigos impactou e ainda impacta nossas vidas. Por isso, a solidão online proposta pelo filme – como forma de crítica social – deve impactar ainda mais quem o assistir. Vemos exemplos dessa solidão tanto no protagonista quanto em outros personagens que vão aparecendo no decorrer da história. Dependendo da sua experiência durante o isolamento social, acredito que você se identificará mais com personagens secundários do que com a solidão do protagonista, e é este é um ponto que torna o filme ainda mais incrível na minha opinião.
- O reflexo dos problemas reais no nosso comportamento online. O protagonista tem ascendência búlgara, mas vive nos Estados Unidos – culturas muito diferentes que geram cenas divertidíssimas, especialmente com sua avó Donka. Esta característica já dificulta a integração do menino com os amiguinhos da escola, mas esta situação é amplificada após o lançamento dos robôs, já que ele é o único que não tem um – e depois é o único que tem um robô “defeituoso”. As diferenças entre as crianças é um tema que o filme desenvolve com maestria e permite mostrar como a autoestima e o sentimento de pertencimento (em um grupinho) pode se dar de inúmeras maneiras. Este ponto não é central no enredo da história, mas se os pais usarem os exemplos para refletir sobre o assunto, tenho certeza que muitos poderão identificar sinais de problemas com maior facilidade e conversar com seus filhos antes que a situação fuja do controle.
Por hora, vou parar por aqui. Continuarei minha reflexão no próximo texto em que trarei mais duas lições (com spoilers).