Nesta semana, o caso ” Homem Pateta ” teve novo capítulo com a descoberta de um suposto autor do perfil que aliciava crianças à prática de automutilação por meio das redes sociais. De acordo com informações da Polícia Civil de São Paulo, o autor dos ataques seria um adolescente, o que reforça a discussão sobre a importância da presença dos adultos no acompanhamento das atividades online dos menores.
De acordo com pesquisa Kaspersky, em parceria com a consultoria CORPA, metade das crianças brasileiras tem perfis nas redes. Ao mesmo tempo, 20% dos pais admitem ignorar completamente as informações que seus filhos compartilham online.
Para Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky, a falta de atenção em relação à vida (geral e digital) das crianças é o principal motivo para que casos como esse continuem acontecendo. De acordo com o especialista, o envolvimento de jovens com criminosos ou grupos que estimulam a prática de violência tem relação com insegurança, e a ideia de que a Internet é um ambiente anônimo ajuda a externar a angústia que o próprio agressor sente. Quando os pais não participam da vida de seus filhos, acabam alheios aos sinais, tanto quando a criança sofre ou gera algum tipo de bullying ou violência.
“A conversa é a principal arma para evitar e solucionar ambos os casos: da vítima e do causador da violência. Normalmente, quem faz bullying pode sentir inveja ou ciúmes por outra criança ou adolescente ter algo que ela não tem – e não me refiro a bens materiais, normalmente a motivação é emocional, familiar ou social”, explica.
Outro desafio é conseguir explicar os riscos digitais para as crianças. Outra pesquisa nossa revela que sete em cada dez pais brasileiros admitiram essa dificuldade.
Para ajudar a desenvolver essa conversa em casa, lançamos o e-book infantil “Kasper, Sky e o Urso Verde“. Ele trata de forma lúdica e com linguagem adaptada para crianças temas como assédio, bullying, conteúdos maliciosos e outras ameaças do mundo online.
“A preocupação com a vida social sempre existiu, mas não como vemos agora. Nunca estivemos tão expostos e nosso papel como adultos é orientar as crianças desde cedo sobre os cuidados com a sua exposição. Explique, por exemplo, que elas irão interagir com muita gente pela Internet, que as pessoas são diferentes e que esta diferença deve ser respeitada. Além disso, é importante avaliar se é necessário compartilhar toda a vida privada nas redes sociais”, afirma.
Assolini ainda incentiva os pais a abrir oportunidades de conversar com os filhos sobre situações vividas na internet. “Pergunte se houve alguma situação estranha no dia dele(a) ou que o(a) fez sentir desconfortável ou ameaçado(a)”, acrescenta.
Medidas adicionais de proteção
Além do diálogo, Assolini sugere algumas medidas. Uma delas é manter o controle sobre a privacidade dos filhos, configurando as redes sociais de modo que limite o contato com desconhecidos. No Facebook, por exemplo, é possível bloquear mensagens e solicitações de amizade de perfis sem conexão com conhecidos.
Outra solução é a instalação de programas de controle parental. Além de permitir o bloqueio a sites que possam gerar algum risco, é possível ativar recursos como bloqueio de mensagens que utilizem termos relacionados a bullying ou aliciamento. De acordo com nosso levantamento, no Brasil menos de 30% dos pais utilizam esses recursos com os filhos.
Outras dicas válidas:
- Estabeleça com seus filhos um diálogo sobre os perigos da Internet;
- Participe das atividades online de seus filhos desde cedo como um “mentor”. Pergunte sobre suas experiências online e, em particular, se teve algo que o(a) fez sentir desconfortável ou ameaçado (a), como assédio, sexting ou aliciamento;
- Defina regras simples e claras sobre o que podem fazer na internet e explique o porquê;
- Configure corretamente as ferramentas de privacidade nas redes sociais de seus filhos para que as mensagens sejam visualizadas apenas por amigos e familiares;
- Conte com uma solução de segurança de qualidade em todos os dispositivos conectados, como PCs, smartphones e tablets, e tenha ainda a função de controle parental nos dispositivos das crianças. Esta solução permite bloquear conteúdos inapropriados, mensagens de spam e ajuda a acompanhar as regras predefinidas de uso da internet.
com informações da Jeffrey Group