Não esqueço o dia em que Pokémon foi lançado para o Gameboy. Tratava-se de um jogo desafiador que motivava a reunião de todos os meus amigos com um único objetivo: pegar todos os monstrinhos. Era extremamente viciante. Algumas dezenas de anos depois, temos agora o Pokemon Go, aplicativo para Android e iOS no qual treinadores capturam Pokémons selvagens no mundo real em realidade aumentada.
Estaria mentindo se dissesse que não achei legal. Baixei o jogo quase no dia do lançamento e joguei um pouco nas férias. Também ouvi boatos de que certos colegas na Kaspersky Lab estão completamente viciados e decididos a se tornarem mestres Pokémon.
Não somos os únicos. A versão para Android já possui mais usos diários do que o Tinder, e logo passará o Twitter, de acordo com a Fortune e a Forbers, respectivamente. Quem diria?
O aplicativo é legal – é o assunto mais comentado do momento na internet, mas temos que alertar que você precisa tomar certos cuidados. Não é nossa intenção soar como uma voz coercitiva, completamente imune a diversão, mas segurança é o ponto mais importante por aqui. Então, preparamos algumas dicas para quando seu filho começar a jornada para se tornar o próximo Mestre Pokémon.
Fique de olho nos arredores
A tela de aviso que aparece ao abrir o aplicativo transmite a mensagem de que você deve ter cuidado com os carros e cães dos vizinhos – além de evitar dar de cara com paredes. Contudo, podem ser as menores preocupações dos usuários.
O Pokemon Go é em parte jogo, outra realidade aumentada e uma terceira fitness tracker. Veja bem, os Pokémons estão “vivendo” no mundo que chamamos de Terra e você precisa de localização GPS para descobri-los, desafiar ginásios e encontrar Pokéstops. O aplicativo explica tudo no tutorial inicial.
No começo dessa semana, a polícia do Missouri reportou ter prendido quatro suspeitos que usaram o aplicativo para atrair pessoas para um local específico. Uma vez que os jogadores foram até o ponto designado, o grupo os roubava a mão armada. Situações similares foram relatadas em países vizinhos.
Pokéstops
Além da questão do crime, o aplicativo se tornou um problema para alguns policiais. Uma delegacia na Austrália se tornou um Pokéstop, assim os usuários entravam na delegacia tentando obter itens. Os policiais gerenciaram bem a situação, notando que os usuários só precisam estar próximos do Pokéstop e não entrar efetivamente.
Apesar da ideia do jogo ser capturar todos os pokémons, o caso da delegacia australiana ressalta que se tornar um Pokéstop pode vir acompanhado de uma boa dor de cabeça em locais públicos e para donos de negócios. O que você acharia de ter sua casa classificada como um ginásio no aplicativo? Jogadores estão aparecendo na casa desse senhor para competir uns contra os outros o dia inteiro – e de acordo com um tweet do dono da casa, não há nenhuma forma de colocar um fim na situação.
Roubo, atropelamento e acidentes na estreia do Pokémon Go no Brasil https://t.co/hEqGcg1cEQ #PokémonGo #Acidentes pic.twitter.com/aVY1NBMuUN
— O Popular (@jornal_opopular) August 4, 2016
Cibercrime
Como em qualquer grande evento como as Olimpíadas, World Series, ou a Eurocopa 2016, cibercriminosos tendem a seguir a tendência e procurar formas de lucrar em cima de vítimas desavisadas.
Quando o Pokémon Go se tornou viral, o aplicativo também se tornou alvo de cibercriminosos. Meu colega Chris afirmou ontem no Threatpost que existe uma versão maliciosa do app para Android que pode fornecer aos cibercriminosos uma entrada alternativa para os celulares infectados.
Apesar de parecer absurdo, ainda tem gente que baixa aplicativos fora das lojas oficiais. O interessante desse caso foi que os criadores do jogo reiteraram a importância de baixar o aplicativo oficial.
Se seus filhos querem acessar o Pokémon Go, aconselhamos que você os lembre da importância do uso das lojas de aplicativos oficiais nos dispositivos – a App Store para o iOS da Apple e a Play Store para o Android.
Brasileiros reclamam de ‘trapaças’ em ‘Pokémon Go’. https://t.co/HLRf4eGsxY pic.twitter.com/xl1wlVHymT
— Jornal O Globo (@JornalOGlobo) August 4, 2016
Dados pra todo mundo!
Em qualquer aplicativo, você precisa estar ciente das informações que está compartilhando com os desenvolvedores. Isso não é diferente com o Pokémon Go. Uma das opções padrão de login é utilizar as credenciais da sua conta Google. Se você estiver usando o app no iOS, o aplicativo solicita total acesso da sua conta Google.
O Search Engine Journal detalhou o significado disso para usuários Apple. A publicação é extremamente informativa, principalmente se você ainda não se cadastrou.
Independentemente da plataforma, pelo bem da sua família considere de forma cuidadosa que ao fazer login você fornece acesso a sua conta Google, confiando grande quantidade de dados pessoais aos desenvolvedores do aplicativo. Sem considerar o fato de que o desenvolvedor pode estar usando os dados para outros propósitos, há também a possibilidade de que essas informações se tornem alvo de hackers em busca de colocar as garras nos valiosos dados do Google. Essa possibilidade é especialmente assustadora dado que crianças (e aqueles com coração de criança) usam o aplicativo.
Divirta-se!
Espero que esse post não o tenha assustado a ponto de afastá-lo do jogo. A ideia era compilar informações para você ficar atento ao que pode estar à espreita em busca de uma oportunidade de tirar vantagem dos desavisados.
Na Kaspersky Lab, queremos que todo mundo se divirta e fique seguro. É nosso trabalho aprender sobre as tendências e prover a melhor informação possível de modo que você possa tomar decisões conscientes sobre o que é melhor para você e sua família. Esperamos também que caso seus filhos estejam loucos para jogar Pokémon Go que essa seja uma oportunidade para ensinar para a futura geração de nativos digitais as melhores práticas quanto à segurança online.