Sempre existiu um conflito entre o direito individual de privacidade e a segurança coletiva. Essa discordância não deve desaparecer, porém um dos lados deve pesar mais que o outro, dependendo do contexto geopolítico e de segurança.
O importante é encontrar o equilíbrio. A criptografia é a protagonista quando o assunto é privacidade de dados. Como fatos recentes confirmam, o debate ao redor dessa questão não é exatamente tranquilo.
Não dá para duvidar que fazer produtos mais seguros torna o mundo também mais seguro. Ou dá? Acho que não. Pensando nisso, podemos aplaudir os esforços da Apple e do WhatsApp para proteger a privacidade dos dados de seus usuários ao implementar criptografia de ponta-a-ponta em seus serviços de mensagens instantâneas.
A ação dessas empresas posiciona e-mails como a forma mais insegura de comunicação digital. Serviços de e-mail gratuitos transmitem mensagens pela rede e usuários na forma de texto, de modo que não há garantia aos usuários de que seus dados estão armazenados de maneira segura.
Será que agora você pode confiar no WhatsApp? https://t.co/bJORyYR2wS pic.twitter.com/4OzOlulMp3
— Fabio Assolini (@assolini) April 11, 2016
Consequência óbvia disso, é o fato de que e-mails são os maiores vetores de ciberataques. Tornam-se a porta de entrada para as redes de empresas e usuários, suas informações e dinheiro. O conteúdo dos e-mails em si é considerado alvo potencial por criminosos.
Na Kaspersky Lab, encontramos regularmente ataques que tem como alvo bases de dados de e-mail. Vemos cada vez mais hackers chineses com objetivo de acessar e-mails de empresas. Um vazamento de dados que ganhou notoriedade recentemente ficou conhecido como “Panamá Papers”, acredita-se que tenha ocorrido por conta da invasão de um servidor de e-mails no ano passado. É surpreendente o quanto é fácil para hackers interceptar mensagens em texto não criptografado.
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— Kaspersky Brasil (@Kasperskybrasil) April 12, 2016
Criptografia de ponta-a-ponta prevenirá os ataques conhecidos como Man-in-the-Middle, em que os autores mal-intencionados interceptam mensagens entre usuários e o servidor. Contudo, por alguma razão esse nível de proteção dificilmente é fornecido.
Criptografia por default no email não é fácil. Existem ferramentas e plug-ins que um usuário experiente pode usar, mas é necessário um certo nível de conhecimento em computação para instalar e usar um decodificador de e-mail. A maioria dos usuários não tem habilidade necessária para isso.
Vc se importa com sua privacidade na Internet?
— Kaspersky Brasil (@Kasperskybrasil) March 28, 2016
Existem serviços gratuitos de criptografia de e-mails como o ProtonMail, porém a menos que o serviço tenha milhões de usuários, ele não se tornará uma solução global para a falta de proteção dos e-mails.
E-mails consistem no meio de comunicação que mais precisa de criptografia na Internet. Quanto mais cedo – melhor. A solução precisa vir dos principais desenvolvedores de softwares de e-mail, como o Outlook Exchange, da Microsoft. O WhatsApp entendeu direitinho: criptografe tudo, para um bilhão de usuários. E-mail, chegou sua vez.