Cinco perguntas para Eugene Kaspersky

Eugene Kaspersky, 50 anos, é um dos principais experts em segurança da informação do mundo. O CEO e fundador da Kaspersky Lab (criada em 1997) visitou o escritório da empresa

Eugene Kaspersky, 50 anos, é um dos principais experts em segurança da informação do mundo. O CEO e fundador da Kaspersky Lab (criada em 1997) visitou o escritório da empresa no Brasil e respondeu à cinco questões selecionadas por nossa equipe de Mídias Sociais neste post. Em 40 minutos de bate-papo descontraído, ele falou sobre desafios, passado e futuro da companhia, hoje presente em mais de 30 países.

Eugene Kaspersky: “Transformamos uma empresa local em uma gigante internacional”

1. Marcell Fernandes
Qual foi o maior desafio que você enfrentou com a equipe antivírus?
Diria que foi construir uma empresa que era apenas uma companhia local russa e se tornou uma gigante global.

Para o futuro, é tentar predizer o que vem pela frente em termos de perigos e manter o time e nossas tecnologias prontas. Precisamos saber como reagir às ameaças inesperadas e ter um sistema pronto para fazer isso rapidamente.

Além de responder a todas as perguntas que me fazem, claro (risos).

(Questão bônus, da Equipe de Mídias Sociais): Como você vê a companhia daqui a 10 anos?
Vejo a Kaspersky ainda lutando contra os caras maus no ciberespaço. Será uma empresa diferente, porém com o mesmo espírito.

2. Lucas Marino
A Kaspersky já evitou algum ciberataque que poderia ter atacado algum órgão global de segurança e contaminado toda a Internet?
Quem sabe…? Paramos milhões de ataques por ano e algum deles poderia ter se tornado global se não tivéssemos impedido. Houve casos de pandemia que quase chegaram lá, como Chernobyl, Melissa, I Love You e outros.

Para evitar algo assim, hoje contamos com uma plataforma composta por produtos, tecnologias, educação (de usuários e empresas) e cooperação com agências globais de cibersegurança.

3. Lesley Leles
Qual foi o malware que você mais ficou feliz em resolver?
O vírus Chernobyl. Nós o encontramos em julho/agosto, e todas as empresas antivírus estavam de férias. Naquela época não havia suporte 24h e a maioria estava offline. Eu era literalmente a única pessoa online (risos).

Outro exemplo foi o Code Red. Fui o primeiro a perceber a escala global daquela epidemia.

Infelizmente, não faço mais análise de código. Mas fico feliz quando nosso time faz descobertas como o ataque Carbanak ou desvenda operações globais de ciberespionagem como o Duqu 2.0.

4. Bernardo Lankheet
Com os avanços na tecnologia e o crescimento da Internet das Coisas, o que está sendo desenvolvido para a proteção desses dispositivos? Vamos ter de instalar antivírus em nossas TVs e carros?
Pergunta interessante. Esperamos que a próxima onda de ataques será contra as SmarTVs -é uma questão de tempo. Por isso já temos protótipos de nossos produtos para esses aparelhos. Na Ásia, por exemplo, existem sistemas de pagamentos via TV (pay by TV). Hoje você assiste a TV, mas ela também assiste você (risos).

5. Michel Mota
É possível que tenhamos uma Internet realmente segura no futuro?
É um pouco filosófica essa questão. É um ciclo de inovações. Primeiro temos um avanço tecnológico, depois produtos e serviços baseados nele. Aí vêm os problemas associados e só no final resolvemos essas dificuldades. Isso aconteceu com a eletricidade, o fogo etc. Descobrimos como usar as tecnologias de modo seguro somente algum tempo após começarmos a usá-las.

Agora no ciberespaço vivemos o que chamamos de “Ciberidade Média”. Inventamos a tecnologia e a estamos adotando cada vez mais rapidamente. Nesse ambiente competitivo, os sistemas são criados com base na velocidade, não na segurança.

Acho que em 100 ou 200 anos aprenderemos como criar redes completamente seguras. Atualmente isso é possível, mas custaria muito mais caro e impediria muitas inovações.

Por isso acredito que agora não é hora para produtos de consumo 100% seguros. É o momento de sistemas industriais à prova de ataques.

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