Já falamos diversas vezes sobre os perigos na Internet das Coisas (IoT) e dispositivos conectados. Muitos já investigaram o quanto eles são seguros, inclusive os domésticos controlados por voz como Google Home, Alexa e similares. Estamos falando de pesquisas bem sérias.
Contudo, não imaginamos que o Google Home seria explorado não por um hacker, mas por alguém comprando hambúrgueres. No comercial abaixo, você pode ver a câmera chegando mais perto do ator que pronuncia as palavras mágicas “OK Google”:
Inofensivo, não? Bem, talvez não. Neste vídeo, você pode ver a mesma propaganda, com uma pequena diferença:
RT @glowgow Here's what happens when you watch Burger Kings Whopper ad around Google Home. ingenious or invasive? pic.twitter.com/1Klaj9hPv4
— Jeff Esposito (@jeffespo) April 13, 2017
Santa revolução dos computadores, Batman! Sim, o comando funcionou. Não se comparava em complexidade da pesquisa que executamos na SAS da última semana. Pelo menos, a propaganda não disse “Alexa, peça para mim um whopper.”
Um artigo recente do TechCrunch levantou preocupações relevantes sobre privacidade ao dizer: “Na melhor das hipóteses, é irritante para as pessoas com dispositivos em suas salas de estar. Na pior, levantam-se questões sobre limitações tecnológicas e de segurança em torno desses assistentes inteligentes.”
A reclamação possui seus méritos, mas a verdade simples é que isso estava destinado a ocorrer. Profissionais de marketing sempre buscam estar dentro das mais novas tendências. O Burger King o fez de propósito, porém isso nos faz lembrar da falta de supervisão ao redor de um menino de 6 anos que comprou biscoitos e uma casa de bonecas, pedindo-os pelo Echo de seus pais – e quando a frase passou na TV, Alexa a ouviu e encomendou casas de bonecas aos usuários.
Os perigos dos assistentes por voz | https://t.co/CsyEA9EBSf #privacidade
— Renato R. (@Sharpen36) April 26, 2017
Ao ler as configurações na página de ajuda do Google Home, não encontrei a possibilidade de programar um código de encomendas como na Amazon, em vez disso, filtrar conteúdo inapropriado.
Será interessante de ver como o Google, profissionais de marketing e desenvolvedores de casas inteligentes reagirão ao incidente. Dado o número de habitações com esse tipo de dispositivo, não consigo imaginar que essa será a última vez que ouviremos falar do uso errôneo de reconhecimento de voz.
Até aí, podemos colocar o dia 12 de abril nos anais da internet como o dia em que o fast food fez de um ator um hacker. Em algum lugar, fóruns estão enlouquecendo pensando porque não pensaram nisso primeiro, e os capuzes estão sendo trocados por uma coroa de papel acompanhada de fritas.