Três times de futebol (um russo, um francês e um argentino), um meia e cerca de 40 milhões de euros. Bônus: golpistas. Resultado: 520 mil euros a menos. Esta é a história da transferência de Leandro Paredes da equipe russa Zenit para o Paris Saint-Germain.
Para os não fãs
Em janeiro, a mídia esportiva de todo o mundo anunciou que Paredes foi transferido do Zenit para o Paris Saint-Germain. O custo da negociação foi de cerca de 40 milhões de euros (por quatro temporadas e meia). De acordo com as regras da FIFA, o primeiro clube onde Paredes jogou, Boca Juniors, deveria também receber uma determinada porcentagem do acordo (em torno de 3,5%), para ser preciso: 1.299.377,48 euros.
Paris Saint-Germain e Boca Juniors concordam em dividir o pagamento em três parcelas. A primeira, de 519.750,99 euros, deveria ter sido paga no dia 6 de março. Tudo isso não seria novidade no troca-troca do futebol, se não houvesse um “pequeno” inesperado imprevisto: o clube argentino não recebeu o pagamento.
Onde foram parar meio milhão de euros?
Em 12 de março (pelo acordo, a quantia já deveria ter sido transferida), o pagamento ainda não havia chegado. É verdade que as transferências internacionais às vezes demoram um pouco, mas o Boca Juniors pediu explicações ao clube francês.
Em 18 de março, a equipe de Paris responde confirmando que a transação havia sido feita. Em 22 de março, o recibo de pagamento foi enviado por e-mail e, de acordo com os cálculos, o clube argentino receberia o montante acordado no prazo máximo de uma semana.
O tempo passa e os dois clubes ocasionalmente trocam e-mails sobre o dinheiro perdido. Os argentinos ameaçam enviar uma queixa formal à FIFA e o PSG reitera que efetuou a transferência da parcela, respeitando todos os acordos, ao pé da letra. Além disso, ambas as equipes viram a confirmação do pagamento com os próprios olhos. O Boca Juniors exige informações mais específicas e o clube francês anexa toda a documentação disponível e mensagens trocadas entre os dois times. O e-mail cai como uma bomba.
Um verdadeiro gol de placa
O Boca Juniors descobre novos detalhes: o dinheiro foi transferido primeiro para uma conta bancária de uma empresa mexicana, Vector Casa de Bolsa, e depois para um banco em New York, antes de retornar ao México, para uma conta da empresa OM IT Solutions S.A. de C.V. Obviamente, os representantes do Boca Juniors nunca tinham ouvido falar dessas empresas.
Como isso aconteceu? Parece que alguns e-mails que vieram teoricamente da equipe do Boca Juniors e chegaram ao Paris Saint-Germain, na verdade, foram enviados de endereços não autorizados, devido a uma simples diferença que passou despercebida. De acordo com o portal de notícias argentino Infobae, que teve acesso à documentação do caso, em vez de endereços que terminam em bocajuniors.com.ar, os cibercriminosos usaram outros cujo domínio era diferente por apenas uma única letra. E esses e-mails continham instruções que fizeram os 520 mil euros desaparecerem.
O Boca Juniors solicitou assessoria jurídica para este caso e, no momento, as investigações ainda estão em andamento. De acordo com uma das várias versões do caso, os golpistas teriam conseguido obter acesso não autorizado ao e-mail de um funcionário do clube argentino e assim, obtiveram as informações necessárias para arquitetar este grande trabalho de engenharia social.
Como evitar esse tipo de golpe?
A história que acabamos de contar não é sobre um esquema de fraude comum, já que os cibercriminosos se prepararam para a perfeição. O que podemos aconselhar é treinar adequadamente a equipe de sua empresa para conhecer bem os truques usados em ataques digitais.
Nosso programa Kaspersky Security Awareness o ajudará na conscientização de seus funcionários sobre ameaças existentes, e também no treinamento das habilidades necessárias para reconhecerem e não se tornarem vetores de ataques cibernéticos.