O big data nos transforma em mercadoria?

Informação é a moeda dos dias de hoje. Os dados são comprados e vendidos, roubados e alterados, e claro, armazenados. Se quiser saber algo sobre alguém, você poderá encontrar as

Informação é a moeda dos dias de hoje. Os dados são comprados e vendidos, roubados e alterados, e claro, armazenados. Se quiser saber algo sobre alguém, você poderá encontrar as mais diversas informações de forma legal, a questão é que você precisa saber como. Um software especial permite a análise de dados públicos de forma simples. Neste post, vamos descobrir o que qualquer pessoa pode descobrir online, até mesmo sobre você.

Procura-se online
Em abril, Eugene Tsvetkov, fotógrafo de São Petersburgo, chamou a atenção por conta de seu projeto chamado “Your face is big data“. Eugene fotografou pessoas aleatórias no metrô e, em seguida, carregou as imagens no site FindFace.ru, que permite encontrar usuários públicos da mídia social VK.com por meio de fotografias.

Tsvetkov combinou duas imagens: pessoas sentadas em sua frente no metrô e as fotos de perfil do VK.com de cada uma. Cerca de 70% das pesquisas foram bem-sucedidas, apesar de o serviço ter encontrado dificuldades em “reconhecer” idosos. Durante o processo, ele aprendeu muito sobre as vidas de completos estranhos, sem conversar diretamente com eles.

Uma situação como essa pode ganhar contornos românticos: com a ajuda de FindFace, qualquer pessoa com uma conta no VK pode reencontrar a pessoa dos seus sonhos que esbarrou em uma festa. Sabe, aquele sorriso que não consegue esquecer? Pois é. Fantasias à parte, precisamos ser realistas: nem todo mundo gostaria de ser rastreável por qualquer pessoa com literalmente apenas uma câmera. Afinal, quais seriam as intenções desse estranho e o que ele faria com suas informações? Essa situação pode resultar em uma campanha de cyberbullying ou algo pior. Ou algo menos perverso: como o estudo que será apresentado a seguir.

Onde “ensinam” a profissão mais antiga do mundo
A equipe da mídia online russa Social Data Hub lançou um projeto escandaloso que coletou dados sobre 27.856 mulheres e 1.387 homens que praticam a prostituição. Com a ajuda de sua própria tecnologia de reconhecimento facial, encontrou contas de mídia social dessas pessoas e usou essa informação para criar “a classificação das universidades de Moscou, de acordo com seus graduados pelas ruas”. Os dados para este projeto tinham sido coletados apenas de fontes públicas.

É claro que essas conclusões não são necessariamente precisas. A proporção de homens e mulheres nos dados de entrada mostram uma prevalência clara por mulheres, por isso,um homem nunca estaria no topo da “pesquisa”.

Pego na rede

O poder das mídias sociais não é limitado por essas coisas. Quando postamos algo online é difícil entender a dimensão de quem pode ver o quê.  Por exemplo, existe um serviço no VK.com que permite visualizar as conexões na mídia social. Veja a foto abaixo.

Você pode notar dois círculos de amigos: o meu e da minha irmã.  Cada ponto no diagrama é uma pessoa conectada comigo ou com ela.  Interessante é termos amigos que conhecem uns aos outros e conhecem apenas um de nós.

Se você passa algum tempo estudando esse esquema, detectará o círculo de amigos mais próximo do seu alvo, já que essa pessoa e sua empresa estarão interconectadas. Aqui você consegue ver colegas do meu antigo trabalho. Já ouviram o ditado “diga-me com quem tu andas que lhe direi quem és?”

Bem, pelo menos aqui funciona. Se a maioria das pessoas em um círculo compartilham um hobby, então o alvo muito provavelmente também tem o mesmo hobby. Se as pessoas de um círculo trabalham em uma mesma empresa, você provavelmente consegue por a mão em diversos currículos dos alvos.

Dessa forma é possível detectar rapidamente ex-namorados e ex-namoradas dos alvos, encontrar familiares, amigos e colegas e descobrir várias coisas interessantes.  Embora o serviço seja não muito diferente de um brinquedo, feito para testar habilidades e entreter amigos, existe um software profissional com o mesmo propósito, sendo ainda mais funcional, permitindo que especialistas encontrem uma gama de informações adicionais.

Vivemos do lado de dentro de uma vitrine. O que fazer?
Lembre-se quantas câmeras de vigilância são usadas nas ruas e com que frequência você publica fotos online.  Acredito que isso fornece uma ideia do quão transparente o mundo é de fato. Com as tecnologias citadas, você pode encontrar pessoas com apenas uma foto e a partir disso analisar seus perfis, descobrindo muito sobre elas.

Você poderia produzir biografias dessas pessoas com esses dados.

Quanto mais essa ou aquela empresa sabe sobre alguém, mais fácil se torna vender produtos e direcionar ofertas, aumentando as chances de vendas. Acredite, empresas usam isso ao máximo. Mídias sociais são como um pedaço de queijo em uma ratoeira.

As atuais tecnologias de análise tornaram as pessoas em bens, mesmo que poucos gostem dessa interpretação.  Além disso, as mídias sociais consistem em uma parte útil e interessante de nossas vidas de modo que ninguém acha interessante considerar o problema desse ângulo. Contudo, algo tem de ser feito.

Existem diversas formas de combater espionagem em massa. Você pode cortar seu cabelo de um jeito exótico, usar maquiagem especial que enlouquece os sistemas de reconhecimento facial. Outra boa ideia é vestir roupas que refletem luz, ofuscando as câmeras e estragando as imagens. Você sempre pode optar por óculos escuros e capuz, que nem agentes secretos em filmes.

Talvez todos tentemos algo assim no futuro, mas de imediato devemos pelo menos limitar acesso às nossas contas de mídia social. Além disso, recomendamos que você leia sobre como melhorar sua privacidade online.

Temos diversos artigos que explicam como proteger seu Facebook, Instagram, LinkedIn, Twitter e VK.com. Esperamos que esses artigos o auxiliem a levantar barreiras expressivas em volta de suas páginas de mídias sociais. Se seguir as dicas adequadamente, será mais difícil transformar sua vida parte do Big data.

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