Hoje em dia, não são apenas agências governamentais ou detetives particulares que têm capacidade para espionar as pessoas. O rastreamento tornou-se tão fácil e barato que cônjuges ciumentos, ladrões de carro e até empregadores excessivamente desconfiados já podem fazer isso. Eles não precisam ficar se escondendo em esquinas, lojas nem mesmo se aproximar do alvo. Um smartphone e um rastreador Bluetooth, como o Apple AirTag, o Samsung Smart Tag ou o Chipolo, são ideais para isso. De acordo com um dos processos movidos contra a Apple, esse método de espionagem é usado em uma variedade de crimes: desde stalkear ex-parceiros até planejar assassinatos.
Felizmente, contamos com uma proteção disponível! Como parte da campanha antistalking da Kaspersky, explicaremos as formas como podemos ser rastreados e o que podemos fazer a respeito.
Rastreamento on-line e off-line
A vigilância de uma vítima é normalmente realizada de duas maneiras.
Método um: puramente baseado em software. Um aplicativo de rastreamento comercial é instalado no smartphone da vítima. Os aplicativos dessa categoria são conhecidos como stalkerware ou spouseware. Esses aplicativos são normalmente vendidos como “aplicativos de controle parental”, mas se distinguem dos controles legítimos por manterem suas atividades ocultas após a instalação. Na maioria das vezes, o aplicativo fica totalmente invisível no dispositivo, embora às vezes se disfarce de algo inofensivo, como um aplicativo de mensagens, jogo ou galeria de fotos. Aplicativos de stalking podem transmitir continuamente a localização da vítima para um servidor, enviar mensagens e dados confidenciais do dispositivo para o agressor, e até ativar o microfone para gravar áudio.
A principal desvantagem do stalkerware para o perpetrador é a dificuldade de instalação, pois requer o acesso ao smartphone desbloqueado da vítima por algum tempo. É por isso que, em muitos casos, especialmente quando é um ex-parceiro ou um ladrão de carros que está stalkeando, o outro método é usado.
Método dois: rastreador sem fio. Um dispositivo de rastreamento é colocado na vítima. No carro, ele pode ficar escondido em um local discreto, como atrás da placa; para uma pessoa, o rastreador pode ser colocado na bolsa ou em meio a outros itens pessoais.
Originalmente, os rastreadores Bluetooth (pequenos dispositivos do tamanho de uma moeda) foram inventados para ajudar a localizar pertences perdidos, como chaves, carteiras ou bagagem. No entanto, se plantados em um alvo, seus movimentos podem ser rastreados quase em tempo real por meio de um aplicativo especial. Aliás, muitos dos fones de ouvido Bluetooth de hoje também têm a funcionalidade de rastreamento integrada para torná-los mais fáceis de encontrar, viabilizando seu uso para stalking. Portanto, se encontrar um par de fones de ouvido sofisticados por aí, não comece a pensar que é seu dia de sorte: eles podem ter sido plantados de propósito para rastrear seus movimentos, mesmo depois de emparelhá-los com o seu smartphone.
A tecnologia de rastreamento funciona mesmo quando o rastreador está fora do alcance do Bluetooth do smartphone do stalker, contando com outros smartphones para localizar o item “perdido”. Muitos dispositivos Android e iOS modernos enviam a localização de rastreadores visíveis aos servidores do Google ou da Apple. Dessa forma, esses gigantes da tecnologia são capazes de localizar qualquer rastreador se houver algum smartphone moderno habilitado para Bluetooth com acesso à Internet nas proximidades.
Dona do rastreador mais popular até hoje, o AirTag, a Apple passou por muitos problemas desde o lançamento do primeiro produto para proteger os usuários contra o emprego malicioso desse dispositivo. Os AirTags mais recentes começam a apitar para atrair a atenção se permanecerem longe do smartphone de seu proprietário por muito tempo. No entanto, os perpetradores podem facilmente contornar essa proteção danificando o alto-falante do rastreador. Essas tags hackeadas com alto-falantes neutralizados podem até ser compradas com facilidade.
Como se proteger da vigilância
Para se proteger do rastreamento on-line e off-line, recomendamos usar o Kaspersky para Android. Essa ferramenta agora inclui o recurso “Quem está me espionando”, que permite detectar rapidamente a vigilância.
Proteção contra rastreadores. Felizmente, por sua própria natureza, os rastreadores nunca podem ficar de todo invisíveis, pois estão sempre sinalizando sua presença via Bluetooth. Um smartphone equipado com proteção confiável pode alertar o usuário se um dispositivo Bluetooth não registrado for frequentemente detectado nas proximidades ou em vários locais diferentes. Se esse dispositivo se mover com o usuário ou permanecer próximo dele por muito tempo, Kaspersky para Android emitirá um alerta.
Ao descobrir um rastreador, é essencial examiná-lo de perto. Às vezes, pode não ser nada sério, por exemplo, se um membro da família com quem o usuário convive tiver um rastreador anexado às chaves dele. Outras vezes, pode haver rastreadores em laptops ou veículos alugados (embora as locadoras sejam obrigadas a avisar os usuários e incluir isso no contrato).
Proteção contra stalkerware. Kaspersky Premium detecta aplicativos stalkerware conhecidos. Ah, e a propósito, sabia que os produtos da Kaspersky passaram em um teste de detecção de stalkerware? Se esses aplicativos, ou mesmo seus arquivos de instalação, baixados pelo usuário ou por outra pessoa, forem encontrados no dispositivo, Kaspersky para Android emitirá um alerta na hora.
Até mesmo os usuários da versão gratuita do Kaspersky para Android podem verificar se há stalkerware. A única diferença nesse caso entre a versão gratuita do Kaspersky Premium é que no Kaspersky Premium, a verificação é feita de forma automática e contínua. Na versão gratuita do Kaspersky para Android, os usuários precisam iniciar manualmente cada verificação.
Os rastreadores suspeitos detectados com frequência nas proximidades serão exibidos e identificados na seção Verificação de Dispositivo.
Enquanto isso, o recurso de controle de permissões verifica o acesso de aplicativos à câmera, microfone, localização e Bluetooth periodicamente, permitindo identificar rapidamente novos aplicativos suspeitos.
Precauções adicionais. Várias medidas gerais de segurança e higiene cibernética podem dificultar o rastreamento e são recomendadas para todos os usuários:
- Nunca deixe itens pessoais sem vigilância. Isso se aplica em especial a dispositivos digitais que estão ligados.
- Configure a autenticação biométrica em seu smartphone.
- Defina o tempo de bloqueio automático da tela para 30 segundos ou menos.
- Configure a biometria ou uma senha forte para fazer login em seu laptop e sempre bloqueie a tela ao sair da mesa.
- Torne obrigatória uma senha para instalar itens da loja de aplicativos (é possível fazer isso no iOS e no Android).
- Desative a instalação de aplicativos de fontes desconhecidas no Android.
- Atualize todos os seus aplicativos pelo menos uma vez por mês e exclua os que não usa mais.
- Nunca compartilhe suas senhas com ninguém. Se já as compartilhou com alguém ou suspeita que elas possam ter sido interceptadas, visualizadas ou descobertas, altere-as imediatamente.
- Evite acessar contas pessoais em dispositivos compartilhados em casa ou no trabalho e de forma alguma faça isso em bibliotecas, hotéis ou cafés. Se for absolutamente necessário efetuar o login, lembre-se de fazer o logout depois.
- Use um gerenciador de senhas, crie uma senha exclusiva para cada conta e ative a autenticação de dois fatores.
- Tenha cuidado com o que compartilha nas mídias sociais e nos mensageiros; evite divulgar detalhes que revelem sua localização, rotina diária ou círculo social.
Para indivíduos com maior risco de stalking (por exemplo, de um admirador indesejado, cônjuge ou parceiro de negócios insatisfeito), aqui está uma lista mais abrangente de precauções, incluindo medidas de segurança física e proteção jurídica.
O que fazer se detectar vigilância
Se o usuário descobrir um rastreador ou aplicativo de rastreamento sem motivo que justifique sua presença, ele deverá considerar os possíveis motivos pelos quais alguém poderia querer vigiá-lo.
Para vítimas de violência doméstica ou conflitos graves, a segurança física é a prioridade. Portanto, nesses casos, é importante não revelar que detectou a vigilância, mas sim entrar em contato com a polícia ou organizações de apoio para essas situações. Da mesma forma, é crucial que o smartphone ou rastreador não termine em um local que sugira que foi encontrado (como, por exemplo, uma delegacia de polícia). É possível deixar o smartphone em casa enquanto vai à polícia ou marcar um encontro com um grupo de apoio em um local seguro. Para obter orientações mais detalhadas sobre esses casos graves, consulte nosso guia de conscientização antistalking.
Mesmo se o risco de violência for baixo, o usuário ainda deverá entrar em contato com a polícia. Entregue o rastreador espião e permita que a polícia crie uma cópia digital de seu smartphone para coletar evidências de infecção (se houver). Depois disso, será possível remover o stalkerware do smartphone.